Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 900-1 | ||||
Resumo:A família Vibrionaceae engloba um grupo de bactérias de características ubíquas que habitam águas doce, estuarina e marinha. Algumas espécies são patogênicas para os animais e para o homem. Neste, o consumo de alimentos, manuseio de pescado e contato de ferimentos cutâneos com a água podem resultar na ocorrência de diferentes quadros clínicos. O objetivo deste estudo foi avaliar perfil de resistência antimicrobiana e através da PCR os genes de virulência em cepas de Vibrio spp. de fontes HU–humana, AN-Animal e AB-Ambiental encaminhadas para caracterização conclusiva e subtipagem. Foram recebidas 322 cepas e confirmadas 311 cepas caracterizadas em 20 espécies distintas, com prevalência de V.cholerae não O1 não O139 (137 cepas-41,3%), V.harveyi. (35 – 10,5%), V.alginolyticus (33-9,9 %), V.parahaemolyticus (23- 6,9%) e V.cholerae O1 (2-0,6%). As cepas foram submetidas ao teste de suscetibilidade antimicrobiana empregando as drogas: CAZ, CIP, FOX, IMP, SXT, CHO e TCY e caracterizados pela PCR os genes de virulência ( ace, ctxAB, hlyA, ompU ompW, rfb01, rtx, tcp, tox, zot, tdh,trh) de acordo com a espécie. Quanto aos resultados obtidos, o maior percentual de resistência foi observado para SXT (15,2%), seguido por ceftazidima-13,1% e cefoxitina 9,9% e a fluoroquinolona (ciprofloxacina-1,8%), observados especialmente entre as cepas de fonte ambiental (145), seguidos pela fonte animal (152), e de fonte humana (14), assinalando-se que particularmente em V.cholerae O1 o perfil detectado mostrou que as duas cepas apresentaram resultado Intermediário para ciprofloxacina. Quanto a avaliação pela PCR sua utilização bem como de outras técnicas moleculares tem permitido o melhor entendimento do potencial de variabilidade genética, de virulência e da dinâmica de transferência horizontal de genes. No computo geral que 93,6% das cepas de Vibrio sp apresentou resultados positivos para os diferentes genes. Quanto a V.parahaemolyticus, duas apresentaram resultados positivos para tdh e duas para trh. As cepas de V. cholerae O1 foram positivas para todos os genes avaliados, com exceção de ctxAB; As cepas de V.cholerae não O1/não O139 foram positivas apenas para o gene ompW, hlyA. Os genes virulência de Vibrio cholerae O1 são agrupados em duas regiões do cromossomo, uma ilha de patogenicidade e um bacteriófago filamentoso, sugerindo que a transferência horizontal de genes pode levar a ocorrência de novas epidemias já que vários genes podem ser regulados por condições ambientais e a persistência de V.cholerae no meio ambiente pode ocorrer através da formação de biofilme. Contudo tal assertiva não se encontra bem estabelecida para outras espécies, porém, sua dispersão no ambiente e capacidade de intercambiar genes de virulência, bem como de resistência antimicrobiana sugere positivamente tal aspecto, embora seja difícil estabelecer uma correlação óbvia do intercambio de patogenicidade e virulência nos vibriões. Este estudo aponta que é uma realidade a disseminação ambiental destes patógenos bem como dos genes de virulência e de resistência aos antibióticos que eles carreiam, sendo recomendado a adoção de estratégias no contexto ambiental para seu monitoramento bem como vigilância da dispersão destes genes, de modo a proteger o ambiente de se tornar reservatório de disseminação das espécies de Vibrio sp. de importância em Saúde Pública. Palavras-chave: Vibrio spp, Vibrio cholerae, V.parahaemolyticus, resistência antimicrobiana, genes virulência |